º I'm No Lady º

I'M NOT an ballbreaker, bimbo, bitch, bra burner, bull dyke, butch, carmen miranda, china doll, dumb blonde, fag hag, femme fatale, feminazi, geisha, good catholic girl, home girl, lady boss, lipstick lesbian, lolita, mother teresa, nympho, old maid, pinup girl, prude, slut, supermodel, tomboy, trophy wife, vamp, wicked stepmother or yummy yummy... Don't stereotype me!

quinta-feira, abril 28, 2005

º Não lhes dês Cavaco... º

É célebre a frase de Cavaco quando era primeiro ministro há uns bons aninhos atrás: eu nunca tenho dúvidas e raramente me engano.... Ontem quando interpelado por um jornalista da TSF (se não estou em erro) sobre se concorria ou não a Belém (retirado assim do contexto quase que até parecia bíblico...que bonito...) Cavaco afirmou estar cheio de dúvidas e por isso ainda não tinha uma posição sobre o assunto!
Fiquei preocupada, um senhor que tantas certezas teve sempre de repente vê-se preenchido com dúvidas. Será velhice, senilidade?

º Mistérios portugueses º

Vá-se lá perceber porquê, o Conselho Geral da Associação Nacional de Municípios Portugueses aprovou ontem, por unaminidade e com aclamação, um parecer de rejeição do projecto lei que visa limitar os mandatos políticos. Aliás, até agora todos os pareceres negativos vieram de sectores totalmente imparciais relativamente à aplicação desta medida, desde o tio João da Madeira, aos mais notáveis caciques, perdão, presidentes de câmara um pouco por todo o país. (Só na região Oeste, seriam 9 os presidentes de câmara afectados por esta medida. Destes, 7 são presidentes de câmara há 20 ou mais anos. Como dizem @s anglófon@s "I rest my case...").

Será que esperar um mínimo de decência na vida política deste país, é pedir demais?
(Sim, a pergunta é mesmo retórica. Obviamente, esperar que uma dita democracia se reja por regras democráticas é, no mínimo, utópico).

º A Madeira é um Jardim III º

Ah, bom! Sendo assim, não há problema nenhum, tá tudo bem! Na pior das hipóteses, o tio João há - de morrer qualquer dia, não é?

Aquilo da independência da Madeira, e os insultos às pessoas do continente em geral, e às de Lisboa em particular, eram só piadas. Quer dizer, se passarem esses troquitos aqui pró tio João, senão o caldo azeda. Outra vez.

quarta-feira, abril 27, 2005

º Porque os direitos não se conquistam no armárioº

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Dia 15 de Maio – 15 horas
Concentração no Rossio de Viseu
Porque há alturas na vida em que é mesmo preciso tomar posição, dia 15 vem a Viseu protestar contra as agressões homofóbas que lá tiveram/ têm lugar e exigir medidas de protecção concretas contra a homofobia.

Há camionetas organizadas a partir de Lisboa, Porto e Coimbra para Viseu: inscreve-te através do mail Panteras.Rosas@sapo.pt ou do 21 887 39 18 (4ª a domingo, a partir das 17h).
Não há desculpas para não aparecer! A presença de tod@s é crucial! Vamos mostrar que não aceitamos nem o preconceito, nem a hipocrisia, a discriminação ou a violência!
Porque os direitos se conquistam na rua, vamos exigi-los TAMBÉM a Viseu!

º Sugestão de fim de semana º

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No próximo sábado 30 às 21 horas, realiza-se no CCGL (Centro Comunitário Gay e Lésbico de Lisboa) um debate público subordinado ao tema Universidade Queer 2005 e o movimento LGBT na Europa, com a presença de Marie-Paule Lolo (presidentA da UEEH- Universidade de verão Euromediterrânica das Homossexualidades) e Sérgio Vitorino (Panteras Rosa).
Se quiseres conhecer a dinâmica do maior encontro de activistas LGBTQQ da Europa, que se realiza todos os Julhos em Marselha, não faltes.
E a seguir, festa!

terça-feira, abril 26, 2005

º Frases Soltas º

Se a esquerda mandasse na igreja...

Os padres dariam preservativos em vez de hóstias.
Os padres dariam a extrema-eutanásia em vez da extrema-unção.
A igreja não usaria a sida como meio de controle para o excesso de população.

º As gajas saíram à rua: manif do 25 de Abril º

As gajas foram à manif do 25 de Abril em Lisboa, desfilando orgulhosas Avenida da Liberdade abaixo. E porque ao contrário do Sampaio, nós não temos vergonha das nossas convicções, nem consideramos haver prioridades mais importantes que os direitos humanos, marchámos com e pelas nossas causas de eleição: entre @s LGBT e @s feminist@s (sí, há uma bonita tradição nas manifs lisboetas: @s LGBT e @s feminist@s vão em conjunto. Umas vezes @s feministas à frente, outras @s LGBT, mas sempre juntinh@s).
A representação LGBT foi a mais pequena dos últimos anos, tanto em número de pessoas, como de associações representadas: Clube Safo, Ilga, Não te Prives**, Panteras Rosa e Portugal Gay: porquê?

A faixa de abertura do "nosso" desfile, porque a homofobia mata, e nós não esquecemos, nem olhamos para o lado: para lembrar que Viseu existe e nós também vamos estar lá!
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Clube Safo: gajas com ovários!

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A famosa bandeira-estandarte das Panteras (A gerência informa que os rumores maldosos sobre o material da bandeira são meros "boatos mentirosos". Nenhum animal foi morto para a confecção da bandeira. Na verdade, é em veludo! Muy chique!)

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A tradicional rainbow flag (nem seria uma presença LGBT "a sério" sem uma!)
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Mais gajas com ovários! E com grandes pulmões! Daqui saíram as palavras de ordem que animaram o sector. Gostei especialmente de duas: "Mulheres em tribunal, vergonha nacional" e "Nem menos, nem mais, direitos iguais" (que honra ter presenciado o momento histórico em que isto partiu das gargantas feministas).

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Estamos/ somos solidárias com o pessoal imigrante: nem menos, nem mais, direitos iguais!
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** Obrigad@ pela dica,Cris!

segunda-feira, abril 25, 2005

º "Violência Homófoba além Fronteiras" no CCGLL

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Realiza-se no próximo dia 26 de Abril às 19h00 no CCGLL (centro Comunitário Gay e Lésbico de Lisboa) um visonamento de vídeos que reportam as Marchas do Orgulho Lésbico, Gay, Bissexual e Transgénero de Cracóvia, Belgrado e Zagreb. A apresentação dos mesmos será da responsabilidade de Riccardo Gottardi, membro da Direcção da ILGA Europe, e a moderação do debate que se seguirá a cargo da Associação ILGA Portugal. Aparece!

º Conferência Direitos, Deveres e Liberdades Sexuais º

Realiza-se no dia 27 de Abril de 2005, no Teatro Paulo Quintela da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra englobado no Programa Cultural da Queima das Fitas 2005 . A Associação Não te Prives - Grupo de Defesa dos Direitos Sexuais estará representada pelo Paulo Vieira que irá participar com a comunicação intitulada “Direitos Sexuais e Cidadania - um olhar crítico”. Vale a pena ir ver!

º Capitalismo º

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CAPITALISMO IDEAL: Você tem duas vacas. Vende uma e compra um boi. Eles multiplicam-see a economia cresce. Você vende a manada e fica rico. Aposenta-se!
CAPITALISMO AMERICANO: Você tem duas vacas. Vende uma e força a outra a produzir o leite de quatro vacas. Fica surpreso quando ela morre.
CAPITALISMO JAPONÊS: Você tem duas vacas. Redesenha-as para que tenham um décimo do tamanho de uma vaca normal e produzam 20 vezes mais leite. Depois cria desenhinhos de vacas chamados Vaquimon e vende-os para o mundo inteiro.
CAPITALISMO BRITÂNICO: Você tem duas vacas. Ambas são loucas.
CAPITALISMO HOLANDÊS: Você tem duas vacas. Elas vivem juntas, em união de facto, não gostam de bois e tudo bem.
CAPITALISMO ALEMÃO: Você tem duas vacas. Elas produzem leite regularmente, segundo padrões de quantidade e horário previamente estabelecido, de forma precisa e lucrativa. Mas o que você queria mesmo era criar porcos.
CAPITALISMO RUSSO: Você tem duas vacas. Conta-as e vê que tem cinco. Conta de novo e vê que tem 42. Conta de novo e vê que tem 12 vacas. Você pára de contar e abre outra garrafa de vodka.
CAPITALISMO SUÍÇO: Você tem 500 vacas, mas nenhuma é sua. Você cobra para guardar a vaca dos outros.
CAPITALISMO ESPANHOL: Você tem muito orgulho em ter duas vacas.
CAPITALISMO BRASILEIRO: Você tem duas vacas. E reclama porque o seu rebanho não cresce...
CAPITALISMO HINDU: Você tem duas vacas. Ai de quem tocar nelas!
CAPITALISMO PORTUGUÊS: Você tem duas vacas. Uma delas é roubada. O governo cria O IVVA - Imposto de Valor Vacuum Acrescentado. Um fiscal vem e multa-o porque embora você tenha pago correctamente o IVVA, o valor era pelo número de vacas presumidas e não pelo de vacas reais. O Ministério das Finanças, por meio de dados também presumidos do seu consumo de leite, queijo, sapatos de couro, botões, presume que você tenha 200 vacas e para se livrar do sarilho, você dá a vaca que resta ao inspector das finanças para que ele feche os olhos e dê um jeitinho...

º 25 Abril º

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Mais de 3 décadas passadas, relembrar o 25 de Abril. Festejá-lo. As gajas do I'm No Lady juntar-se-ão hoje à manifestação comemorativa desta data na Av. da Liberdade (Lisboa) com as Panteras Rosa - Frente de Combate à Homofobia e convidam toda a gente a juntar-se a nós.
E agora,.caindo no chavão incontornável: 25 de Abril Sempre!

sexta-feira, abril 22, 2005

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Sempre gostei de viajar. Trazer comigo a mochila às costas. Um casaco para a noite, os cigarros, uma máquina fotográfica. Um bloco de notas e um livro. Canetas e lápiz mais do que preciso. Uns óculos de sol. Uma série de inutilidades que acho que sempre úteis. Um lenço indiano e uma agenda do SOS racismo. Uma polaroid tirada numa noitada. E a estrada. Fascina-me as placas da estrada com direcções e indicações sempre diferentes, cidades vilas e aldeias. Os postos de serviço à beira da estrada. 100, 200, 300 kilómetros, o asfalto revisitado. Encho-me do mundo o mais que posso. E depois, recomeço. Descobri que sou uma romântica viajente, não consigo separar-me das memórias dos sítios que visitei. Hoje parto novamente, Lisboa - Coimbra - Viseu - Lisboa.

quinta-feira, abril 21, 2005

º Reloaded: procura-se frase/slogan! º

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(Visto a instalação do Haloscan ter apagado todos os comentários deixados neste post, pede-se novamente a colaboração de tod@s!)
As gajas estão a promover um concurso criativo (sim, somos búes fixes).
Queremos fazer uma incursão artística às paredes da bela Lisboa. Para tal, queremos a tua ajuda (não, não estamos a pedir €). Assim, abrimos um concurso para apurar a melhor frase/slogan. O prémio para @ vencedor/a é ver a sua frase escarrapachada nas fachadas lisboetas. Adicionalmente, as gajas também tirarão fotos, a divulgar neste mesmo blog.
Participa!

º A cara certa para a instituição certa. Bravo! º

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Finalmente a ICAR tem um rosto à sua altura. Nada como um ex-hitleriano, ligado à Opus Dei via Doutrina da Fé, fundamentalista teológico e perseguidor de teólogos mais progressistas, considerado ultra-conservador até pela própria Igreja Católica. Visto este cenário prenuncia-se a agudização do conservadorismo e dos métodos reaccionários da ICAR. Sim, eu sei que parece dificil mas com Ratzinger é certamente possível. É uma lei de Murphy: se alguma coisa parece não poder piorar mais, espera para ver...
Há no entanto algo de positivo a apontar: com esta escolha a igreja acaba de assinar um atestado de estupidificação e promete afundar-se muito e o mais possível sem a ajuda de elementos exteriores.
P.S - Espero que tenham apreciado os add-ons à foto tanto como eu. Uma maldade por dia dá saúde e alegria.

terça-feira, abril 19, 2005

º Oh Shit... º

Decidi adicionar o sistema de comentários do Haloscan ao I'm No Lady mas acabei de perceber que isso fez com que todos os comentários feitos até hoje desaparecessem.... estou paralizada de medo à espera que a pequenos_nadas e a flush me batam com um chicote por ter sido uma menina má. Será que dá para voltar atrás?

º É já amanhã à tarde! º

Discussão na Assembleia da República dos projectos de referendo do BE e PS, e do projecto de lei do PCP sobre aborto.
Vamos primeiro ocupar as galerias da Assembleia, depois o país!

º Não percebi... º

A ICAR em Timor distribuiu uma Nota Pastoral, onde se afirma partidária de uma "verdadeira democracia que garanta a implementação do Estado de Direito, no quadro da separação de poderes garantida pela Constituição".
Encontrei, na Constituição de Timor, o seguinte artigo (sublinhado meu):
Artigo 45.º (Liberdade de consciência, de religião e de culto)
1. A toda a pessoa é assegurada a liberdade de consciência, de religião e de culto, encontrando-se as confissões religiosas separadas do Estado.
2. Ninguém pode ser perseguido nem discriminado por causa das suas convicções religiosas.
3. É garantida a objecção de consciência, nos termos da lei.
4. É garantida a liberdade do ensino de qualquer religião no âmbito da respectiva confissão religiosa.
Alguém me pode explicar como é que, num país que se assume laico, uma proposta que retira o carácter obrigatório de uma disciplina confessional é um ataque à democracia?

º E esta, hein? º

Um exemplo de acção directa, com sotaque do "norte":
O objectivo: alertar para a necessidade de colaboração de cada um/ de nós, no que concerne a manter as ruas limpas.

domingo, abril 17, 2005

º Resposta ao repto lançado º

Aceito o desafio e aqui fica a minha resposta:
1 - Não podendo sair do Fahrenheit 451, que livro quereria ser?
Sem dúvida, Orlando a obra de Virginia Woolf. O reconsiderar da literatura e da sexualidade numa prosa densa e profunda, suscetível das mais variadas interpretações. A visualidade das imagens criadas no texto, a profusão de elementos e pormenores. O desafiar da noção de género e identidade, o próprio desafiar da noção do género biográfico. Belo e intenso.

2 - Se já fiquei apanhado por alguma personagem de ficção?
Sim. Tinha 11 anos, comia caramelos e peta zetas e um dia ofereceram-me O Mundo de Sofia de Jostein Gardeer. A personagem Sofia Amundsen fascinou-me desde o príncipio. A personagem perfeita para um romance enigmático. Sofia e a busca da realidade por trás do pano. A atitude de querer compreender a existência como algo que ora é ilusionista ora táctil. A descoberta da filosofia e de um mundo à parte como o "coelho branco que o ilusionista tira fora da cartola".
Não posso evitar referir Meursault d' O Estrangeiro de Albert Camus. Desconcertante e fascinante.

3 - Qual foi o último livro que compraste?
O Pintor da Vida Moderna do Baudelaire, para a minha cadeira de Arte e Cultura Contempôranea. Muy interessante, recomendo vivamente.

4 - Qual foi o último livro que leste?
Indisciplinar a Teoria - Estudos Gay Lésbicos e Queer. Uma prenda da minha amiga linda (sim, tou-te a dar graxa)
pequenos_nadas. Realço os textos do Miguel Vale de Almeida e Gabriela Moita.

5 - Que livro estou a ler?
As Ondas de Virginia Woolf, Happy Days de Samuel Becket e o Pearl - A biography of Janis Joplin. Tenho o péssimo hábito de ler sempre tudo ao mesmo tempo, levar o triplo do tempo e terminá-los todos na mesma altura.

6 - Seis Livros que eu levaria para uma Ilha Deserta?
- A Vida é Breve de Josteein Gardeer, porque é tremendamente belo, porque tem um valor emocional e, vistas bem as coisas, é muito actual nas críticas que faz à Igreja. Poderia relé-lo vezes sem conta.
- Viver todos os dias cansa do Pedro Paixão, porque sim. Porque é um dos meus autores portugueses de eleição.
- O Medo porque é uma gigante compilação de prosa poética de Al Berto. E porque me dá vontade de chorar de tão intenso que é.
- Electric - Best Lesbian Erotic Literature, porque uma pessoa tem que ter alguma coisa para fazer e este livrinho vale muito a pena.
- Um livro da obra completa de Kandinsky e a Bíblia Sagrada para fazer Origami com as folinhas nas horas de ócio e tédio (ahahahahaha, os crentes que me perdoem mas não resisti).

Por fim lanço este repto a 3 pessoas:
Boss
Pequenos_Nadas
Cris

º O que tem de ser º


Do Raminhos de Oliveira chegou um repto. Ora eu, gaja orgulhosa dos meus ovários (que nunca falham, para minha infelicidade), não deixo um repto passar sem resposta. Portanto, aqui vai...
1- Não podendo sair do Fahrenheit 451, que livro quererias ser?
Esta foi díficil...e ainda não consegui decidir. Depois de passar dois dias sem comer, nem dormir, já consegui reduzir a lista para: A Serpente, Stig Dagerman; Flush, uma biografia, Virginia Woolf (bolas, lá se foi o segredo); 1984, George Orwell; Hiroshima, Meu Amor, Marguerite Duras; Rei Édipo, Sófocles...
E independentemente do livro que fosse, saberia sempre a Tabacaria do Pessoa.
2- Já alguma vez ficaste apanhadinh@ por uma personagem de ficção?
Muitaaaas vezes, mesmo. Contudo, como na minha vidinha, das minhas imensas paixões, destacam-se umas quantas. Destaco três:
A Sylvia (Duas mulheres, Harry Muslich) porque apenas existe através do olhar alheio, e como qualquer um dos olhares que a descrevem é sempre parcial, o que subsiste no final é o mistério. Porque se escapa como areia entre os dedos e não é possível defini-la.
Pel@ Orlando (Orlando, Virginia Woolf) não nutro bem uma paixão. É mais uma inveja apaixonada, já que estou confinada a uma época específica, a um corpo específico e, por menos que goste a identidades específicas. Porque a reinvenção é uma necessidade.
A Flória (A vida é breve, Jostein Gaarder) pois a sua voz simples opõe-se à filosofia augustiniana, pilar da ICAR. Porque a memória guarda os momentos simples, símbolos de felicidade.
3- O último livro que compraste?
The curious incident of the dog in the night-time (Mark Haddon), a história de Christopher Boone, um jovem de 15 anos com
síndrome de Asperger, empenhado em descobrir quem matou o Wellington (o cão da vizinha). O único com menos de 500 páginas, dos quinze que encontrei na Fnac (dos vinte indicados pela professora de Inglês)...
4- O último livro que leste?
Um périplo pelos não-ditos da sexualidade no início do século XX, Alexis, Marguerite Yourcenar.Se as releituras também contarem, Uma história de amor como outra qualquer, Lucía Etxebarría, quinze mergulhos em vidas de mulheres tão ficcionadas que parecem reais (ou será ao contrário?).
5- Que livros estás a ler?
Para a escolinha, o já referido The curious incident of the dog in the night-time, um policial desconcertante e pleno de carinho.Por puro prazer, Pela Água, Sylvia Plath. Talvez porque a senhora se tenha suicidado, a beleza ao virar de cada página parece muy dura, quase uma acusação.Para ficar mais inteligente (pois, pois...), Queer Theory: An Introduction, Annemarie Jagosse: um percurso pela teoria e luta lgbt e feminista, a provar que a teoria queer não é exactamente uma ruptura com o passado, antes uma continuação.
6-Seis livros que levarias para uma ilha deserta?
Hmm, daria primazia a calhamaços, neste caso Obras Completas de Fernando Pessoa (para continuar a apaixonar-me pelo português, e manter o fascínio que sinto por este senhor), Virginia Woolf (para continuar a apaixonar-me pela sua escrita), Lucía Etxebarría (para manter a memória de parte do mundo, e de alguns dos fenómenos que me tiram do sério), Shakespeare (para perceber porque é que é o pai...). Por fim, para sobreviver numa ilha deserta, um livrinho com técnicas de sobrevivência (caça, pesca, essas coisas) e um outro da colecção Cozinha saudável com quase nada.
7 – Três pessoas a quem vais passar este testemunho e porquê?
Além da natural curiosidade, irei passar a bola às pessoas que se seguem, porque:
Zoe, a gente se conheceu há bué da anos numa casa de livros;
CysneNegro, entre tantas outras coisas que faz, também escreve poesia;
Paulo, isto são os preliminares para o Bairro Alto ;)

sexta-feira, abril 15, 2005

º Mulheres e poder º

O curioso da actual situação política na Dinamarca é que os dois maiores partidos, o PPD (extrema-direita, no governo desde 2001, reeleito em Fevereiro deste ano) e o PSD (centro-esquerda), são liderados por mulheres: Pia Kjaersgaard no PPD, e agora Helle Thornig-Schmidt no PSD.
Tenho a certeza que há uma explicação lógica para isto. Portanto, vamos ponderar as hipóteses:
a) As mulheres na Dinamarca sabem guardar segredos, e por isso merecem a confiança dos partidos;
b) As mulheres na Dinamarca não são mulheres a sério;
c) As mulheres que ocupam cargos de poder na Dinamarca são homens;
d) O nosso querido Primeiro-Ministro, José Sócrates, apreciador do estilo nórdico/ escandinavo de política, é machista, não apenas quando escolhe as pessoas para os cargos, mas também quando justifica politicamente (?) as suas escolhas.
Aceitam-se mais explicações, bitaques e teorias da conspiração.
Por favor, deposite o seu contributo na caixa de comentários.

º Its a wonderful world º

quinta-feira, abril 14, 2005

º Ratzinger Fan Club º

Descobri esta pérola via Renas & Veados.
De leitura obrigatória para tod@ @s fãs, visitantes assídu@s ou acidentais do I'm No Lady.
Conselho de utilização aqui das gajas: depois do jantar, imediatamente antes de dormir. Garante uma digestão facilitada e um soninho santo.

º A Madeira é um Jardim II º

Mas só por mais quatro anos...
Hoje, o Conselho de Ministros aprovou um diploma que limita os cargos políticos a três mandatos consecutivos.
A proposta defende que @s actuais titulares de cargos públicos há mais de 12 anos sejam abrangid@s desde já, ficando limitad@s a apenas mais uma recandidatura. Caso o processo seja célere e esteja concluído antes de Outubro (eleições autárquicas), daqui a quatro anos podemos acenar com os lencinhos brancos ao Jardim.
Entretanto o PSD/M continua no seu melhor...
Aí que saudades vou ter!

quarta-feira, abril 13, 2005

º Igreja promove pedófilos º

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Ainda ontem vinha uma notícia curiosa no Público. Parece que o cardeal Bernard Law, responsável hierárquico pelos padres americanos que abusaram sexualmente de centenas de crianças, e que foi obrigado a resignar o cargo por causa do escândalo da pedofilia, foi promovido pelo Vaticano a arcipreste da basílica de Santa Maria Maior . Não bastava já que tivesse sido provado que ele sabia da ocorrência dos abusos sexuais em várias paróquias, que não só não os tivesse denunciado, como ainda não fizesse nada para punir esses mesmos padres (o que ele fez na realidade foi mudar de paróquia aqueles casos mais evidentes), o Vaticano ainda resolve recompensá-lo. Já existe mesmo uma associação americana de vítimas de abusos sexuais que tem à volta de 6500 sócios. O que e que o Vaticano faz com os culpados? Promove-os, reconhece o seu trabalho....Ainda bem que é assim: faz o que digo não faças o que eu faço...

º Mistérios º

º A Madeira é um Jardim º

Vou começar este post com uma confissão. Esta semana estava a ver-me à rasca em relação a temas para postar. Aproxima-se o debate no Parlamento sobre a IVG (será que alguém vai dizer -mais - alguma estupidez atroz?), o congresso do PSD acadinho de encerrar (devem andar tod@s calminh@s e unid@s), o Sócrates anda caladito como um rato, o Sampaio está em França, o Santana na Câmara não faz assim tanto barulho. As vítimas do costume pareciam estar inacesssíveis ao meu exercício de má-língua.
Felizmente, o PSD decidiu assumir a sua vocação, e ser um retrato do Portugal real, dignificando a democracia sempre que uma oportunidade surge. O nosso amigo Jardim está a esfregar as mãos de contente: o projecto para a alteração do estatuto político-administrativo da Madeira foi aprovado ontem; e prevê, entre outros bonbons, a diminuição do número de deputad@s no Parlamento regional, bem como a redução dos círculos eleitorais. Democracia representativa? Sim, tivémos disso. Mas já nos livrámos, graças a deus!

terça-feira, abril 12, 2005

º Contra a directiva Bolkestein º

A directiva Bolkestein visa remover os obstáculos nacionais à liberdade de estabelecimento, bem como os obstáculos à livre circulação dos serviços no espaço comunitário. Para tanto, a proposta introduz o "princípio do país de origem". Este princípio sustenta que os prestadores de serviços só estão sujeitos à lei do país de onde são provenientes. Este princípio, inicialmente concebido para a livre circulação de mercadorias, sustenta que desde que a qualidade de um produto tenha sido certificada no país de origem A, pode ser vendido no país B da UE.
Isto significa que o Estado-Membro de origem é responsável pelo controlo do prestador e dos serviços que este fornece, mesmo quando os serviços sejam fornecidos noutro Estado; e que o prestador de serviços se rege pelas leis do país de origem. Um exemplo prático: uma empresa de construção civil a operar na Alemanha rege-se pelas leis portuguesas no que se refere a protecção laboral, salários, despedimentos, horários de trabalho etc. E apesar dessa empresa operar na Alemanha, é o estado português que está responsável pelo controlo da sua actividade.
Ou seja, na prática, está a retirar-se a cada um dos Estados-membro a responsabilidade de fiscalizar a aplicação das suas leis no seu próprio território; e como é inexequível a fiscalização em países estrangeiros, é um convite aberto ao trabalho sem direitos. Mais, é uma afronta directa a trabalhadora/es de países com legislações laborais mais apertadas, ou salários mais elevados, já que a concorrência directa no mesmo sector de empresas e trabalhadora/es sujeit@s a leis menos exigentes, irá certamente diminuir o grau de exigência e salarial. Em vez de se nivelar a UE pelo máximo, nivela-se pelo mínimo. De direitos.
Assina a petição europeia contra a directiva Bolkestein aqui.

º Política de birra º

O PSD de Marques Mendes eleva o conceito de política a horizontes que nem mesmo Santana Lopes sonhou. Santana Lopes inaugurou o estilo atabalhoado, complementado pela faceta vítima.
O PSD de Marques Mendes, com os seus dois dias acabadinhos de cumprir, já mostrou que é diferente. Incapaz de concorrer com o estilo atabalhoado, porque não ocupa a cadeirinha de PM, Marques Mendes cultiva o estilo birra - porque - não - sou - PM - nem - vou - ser - nos - próximos - quatro - anos, - nem - depois - disso - e - por - isso - não - vou - deixar - que - outro - seja.
Primeiro foi a chantagem relativamente ao referendo da IVG. Agora é a limitação dos cargos públicos a 3 mandatos: parece que repararam no PSD que isto é uma daquelas medidas que acabaria com a ditadura (perdão, com o modelo democrático) de Jardim na Madeira.

segunda-feira, abril 11, 2005

º Constituição Europeia º

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De repente é o pânico! Em França, no referendo sobre o tratado constitucional europeu - TCE (Constituição Europeia) o "não" pode sair vencedor.
De repente é o pânico! @s cidadã/os podem renegar um documento produzido por uma Convenção, que nem sequer foi eleita por voto directo (foi nomeada pela Comissão Europeia, que por sua vez é constituída por pessoas nomeadas pelos respectivos governos nacionais), que apoia a desmantelação do que resta do estado-providência na Europa, institui um exército europeu, um/a ministr@ dos negócios estrangeiros ou um/a presidente europeu/ia (que definiriam a política externa da União Europeia, bem como a participação em conflitos armados).

Algumas/ns partidári@s do "sim" já mostram a sua preocupação com estas sondagens.
Indignam-se com as "questões laterais" que parecem justificar este resultado, considerando "chantagem" que @s cidadã/os se pronunciem sobre medidas como a directiva Bolkestein ou a alteração da organização dos tempos de trabalho (permitindo que o horário de trabalho se possa estender até às 65 horas semanais), num referendo sobre o TCE.
Tendo em conta que @s cidadã/os não são chamad@s a pronunciarem-se sobre actos legislativos específicos, é normal que manifestem o seu desagrado pelo rumo liberal que a UE está a seguir de alguma forma. Se o caminho que esta UE quer seguir é este, e @s cidadã/os não concordam, é normal que o voto seja para expressar o desagrado seja "não".

É alarmante e preocupante quando face a legítimas reservas d@s cidadã/os, @s polític@s respondem com chantagens. É significativo que, em vez de ouvirem as preocupações d@s cidadã/os, @s políticos respondam com ameaças. Que democracia, que processo democrático é este em que a livre escolha é ensombrada por ameaças políticas?
A UE foi-se construíndo sem uma Constituição, e não foi posta em causa por isso. A UE pode continuar sem uma Constituição o tempo que demorar um processo democrático de elaboração de uma nova Constituição, em que qualquer cidadã/o que queira apresentar propostas o possa fazer: isso é que é democracia!

º Aborto - debate no Parlamento º

Aborto - debate no Parlamento no dia 20 de Abril pelas 15 h

Nunca se esteve tão próximo de acabar com uma lei que tem causado uma das maiores humilhações e sofrimento nas mulheres portuguesas
Tudo se encaminha para a realização de um referendo antes do Verão. No dia 20 vão estar a debate projectos de resolução sobre o referendo e projectos lei de despenalização do aborto. Muit@s de nós temos vindo a acompanhar esta luta ao longo dos anos.
O dia 20 de Abril vai ser um dia histórico que marcará uma nova e última etapa desta luta.
Assim o esperamos.
Apelamos à tua presença nas galerias da Assembleia da República nesse dia.

º Moção de pesar º

BE e PC votaram favoravelmente uma moção de pesar pela morte do papa apresentada na assembleia da república, se não estou em erro, na quinta feira passada. O Bloco criticou de alto a baixo o texto da moção, criticou a falta de laicidade do estado, e criticou o facto de o texto querer transmitir uma ideia de consenso político e social em torno da concordata interpretada como uma mais valia, e depois vota a favor??? Estarão os partidos de esquerda, e nomeadamente o Bloco a aderir ao sistema do politicamente correcto???Alguém me quer explicar o que aconteceu? Estou a sentir-me autista!

quinta-feira, abril 07, 2005

º Julgamento continua º

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E quem ainda não estava convencido que Portugal é um país retrógado e pouco respeitador da dignidade humana, ponha os olhos no julgamento de mulheres por aborto que decorre no Tribunal de Setúbal e que teve nova sessão no dia de hoje. A defesa bate-se pela suspensão do julgamento tendo em vista o referendo sobre a despenalização do aborto e o pedido de incidente de recusa, que não foi aceite. Continuam os esforços por afastar estas mulheres de uma lei que é, ela sim, criminosa.
Infelizmente, parece que a juíza quer à força toda julgar estas mulheres e têm-se mostrado implacável ao serviço da criminalização das mulheres, não aceitando a suspensão do processo até ao referendo. Este processo promete assim arrastar-se, numa luta entre o direito ao corpo e à escolha das mulheres e a hipocrisia instalada e legislada.
Vergonha é a única palavra que posso aplicar a esta situação.
Nem Papas nem Juízes, as Mulheres decidirão!
Referendo pela despenalização do aborto, Já!

quarta-feira, abril 06, 2005

º Laicidade procura-se º

Laico: do grego laikós, «id», pelo lat. laicu-, «laico, leigo» , adj. que não é religioso;
Laicidade: s. f. qualidade ou estado de laico (De laico + idade)
A Constituição Portuguesa diz expressamente que o estado português é laico, que a Igreja e o Estado são independentes um do outro. Mas pelos vistos não muito.
Foram decretados 3 dias dias de luto nacional no estado português pela morte do Papa. Esta decisão, quem pretende representar em Portugal? @s católic@s? Então e @s ateus/ias? @s muçulman@s? @s hindus? E @s outr@s tod@s? Que é feito do príncipio de liberdade religiosa?
Ah, claro, isto lembra-me qualquer coisa. Somos tod@s cidadãs e cidadãos de plenos direitos. Mas umas/uns mais que outr@s. E se tiveres o credo certo, benvindo ao "estado de laicidade". Ámen.
Como sempre, provincianos e paus mandados da igreja católica, lá se fazem os discursos dos políticos, dos presidentes, dos bispos e dos interessados no festival da morte de João Paulo II. Lá se fala no nosso estado teocrático de forma subtil, para passar despercebido e continuar assim. D. José Policarpo não se cansa de falar no "recomendável" estado católico. Lá vão dinheiros públicos e um Falcon a voar patrocinado pelo bolso do contribuinte que na volta é Are Krishna, ou junkie, ou pagã/o ou coisa nenhuma. Pergunta: então a laicidade, que é feito dela? Desconfio que foi comida ao pequeno almoço um destes dias pelo ICAR em parceria com o governo. Nham, Nham Nham, que delícia.
Quando o Estado se mistura com a Igreja e a Igreja com o estado como se isso fosse lei é que vemos afinal que espécie de república somos: o animalzinho amestrado do poder da Igreja sob o nome de laicidade.
O presidente colabora, o Zézé Policarpo voa, o PS cede, a ICAR ri-se de contentamento e o povinho acata.
Laicidade Procura-se!
Recompensa:
- Em versão complexa: um estado verdadeiramente justo e democrático, pela diversidade e igualdade.
- Em versão standard e objectiva: uma porra de um Estado decente.

terça-feira, abril 05, 2005

º "I Dream I Am the Death of Orpheus" º

I am walking rapidly
through striations of light and dark
thrown under an arcade.
I am a woman in the prime of life, with certain powers
and those powers severely limited
by authorities whose faces I rarely see.
I am a woman in the prime of life
driving her dead poet in a black Rolls-Royce
through a landscape of twilight and thorns.
A woman with a certain mission
which if obeyed to the letter will leave her intact.
A woman with the nerves of a panther
a woman with contacts among Hell's Angels
a woman feeling the fullness of her powers
at the precise moment when she must not use them
a woman sworn to lucidity
who sees through the mayhem, the smoky fires
of these underground streets
her dead poet learning to walk backward against the wind
on the wrong side of the mirror.

Adrienne Rich in Planetarium

P.S - Este é um dos poemas que mais me marcou na adolescência. Ainda hoje, ao lê-lo sinto a pele arrepiar e um profundo sentimento de contemplação. Exerce sobre mim um fascínio magnético, palavra a palavra. Qualquer coisa entre a atmosfera de sonho e a realidade. Poesia e política, género e diferença, literatura e poder.

º Ora vamos lá acender uma fogueira II º

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Tenho um desejo muy secreto, quase mesmo proibido (põe as minhas fantasias sexuais mais kinky num nível inaudito de inocência): gostaria de um dia poder escrever um post simpático em relação à ICAR, que algo de fabuloso acontecesse e me fizesse mudar de opinião.
Entretanto, nada me impede de continuar a apelar à queima de igrejas, como resposta aos ataques continuados da veneranda instituição à liberdade de escolha. Desta vez, o nosso bem-amado cardeal patriarca apela, uma vez mais, à manutenção da lei do aborto (ou mesmo à sua proibição total), porque "O aborto voluntariamente procurado, mesmo que legal, continua a ferir a moralidade natural e as exigências da consciência".
Confesso não saber ao certo o que é a moralidade natural, mas cheira-me a desculpa esfarrapada, assim uma espécie de tira nódoas** pra esconder atitudes homófobas, machistas, racistas, moralistas e tirânicas.
Isto até poderia ter piada se, sei lá, a gente vivesse no melhor dos mundos na versão católica, e a única diversão possível fosse especular como melhor decidir pel@s outr@s. Infelizmente para a ICAR, ainda (já?!?) vivemos num país mais ou menos laico. Por isso, quando (se) houver referendo vota 2 em 1: contra a ICAR & pela liberdade de escolha!
**Tenho de agradecer esta belíssima aplicação da ideia de lixívia em relação à ICAR ao João O.

domingo, abril 03, 2005

º Setúbal Revisited º

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Uma vez mais o encontro é à entrada do Tribunal de Setúbal. A cena repete-se, as pessoas chegam com as faixas, as pancartas e com a sua indignação.
À porta do tribunal, dois actores representam o julgamento de uma mulher por aborto, ironizam o juíz e a lei hipócrita que temos: "A lei prevê que serás mãe, por isso é teu dever a maternidade (...) cometeste um crime e assim te condeno!". Um grupo de mulheres surge gritando "não, não! Aborto não é crime, o crime está na lei!" e rodeia a mulher sentada no banco dos réus impedindo a sua condenação.
Entre a multidão reconheço pessoas da UMAR, da Não te Prives, do BE, do PCP, das M.A.R.I.A.S, do PS. Algumas caras são já conhecidas, faz pensar que o activismo é um meio pequeno e que a falta de envolvimento político por parte d@s cidadãs/ãos é uma realidade bem vísivel.
Sentada na sala de audiências cheia, penso na indignação que sinto ao ver as 3 mulheres mais à frente enquanto aguardam a sentença. Penso que a Justiça deixou de servir as pessoas para servir um sistema, ao ponto de se tornar totalmente autista e disfuncional. Tenho uma sensação de esmagamento, ali dentro tudo parece pesado e opressivo. Enquanto a juíza lê o seu parecer que ninguém consegue decifrar, as pessoas olham umas para as outras à espera de alguma coisa. O julgamento é adiado.
Pensei que viria de Setúbal com o sorriso de uma absolvição, mas não.
O respeito pelo corpo e liberdade de escolha alheia parece ser ainda um conceito dito a tom baixo para um ouvido duro.
Por isso, e não só por isso há que continuar a lutar:
Aborto livre e seguro para todas as mulheres, JÁ!

sexta-feira, abril 01, 2005

º Bute pôr água na fervura! º

Primeiro esclarecimento: no I'm No Lady ninguém desconsidera o casamento, e concordamos tod@s que o casamento civil deve estar acessível a quem dele quiser desfrutar.
Concordamos ainda num ponto essencial: o casamento é um grande passo em frente, mas não irá acabar com a homofobia. Seja ela legal, institucional, social, cultural, política ou outra.
Segundo esclarecimento: nós não estabelecemos prioridades. Não consideramos que existem causas mais importantes que outras, nem as hierarquizamos. Reconhecemos que existem motivações, estratégias e objectivos diferentes em cada reivindicação. Porém, isto não significa que não tenhamos opinião sobre circunstâncias políticas e sociais, a construção do movimento, (ou a adequação das reivindicações a estas condições).
Conclusão: não é que uma lei anti-homofobia seja mais importante que o casamento. No entanto, neste momento histórico, uma lei anti-homofobia faz mais falta que o casamento. Achamos nós.