º I'm No Lady º

I'M NOT an ballbreaker, bimbo, bitch, bra burner, bull dyke, butch, carmen miranda, china doll, dumb blonde, fag hag, femme fatale, feminazi, geisha, good catholic girl, home girl, lady boss, lipstick lesbian, lolita, mother teresa, nympho, old maid, pinup girl, prude, slut, supermodel, tomboy, trophy wife, vamp, wicked stepmother or yummy yummy... Don't stereotype me!

quinta-feira, março 31, 2005

º Feira do Sexo em Lisboa º

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Soube disto em Março através de uma notícia que me puseram à frente na mesa de uma debate exactamente sobre pornografia. A ter em conta o brilhozito nos olhos de quem olhou para a mesma folha de papel que eu, muita gente ficou satisfeita com a notícia.
Isto vai ter lugar na FIL, entre 30 de Junho e 3 Julho, para promoção do trabalho erótico e divulgação das mais recentes novidades da indústria do sexo.
Um pequeno senão é o preço do bilhete diário: são 25 euros. Ou seja um dinheirão, pelo menos na minha opnião.
Fiquei também a saber por este artigo, que a mesma feira se faz desde à 13 anos em Barcelona. Será esse o número de anos que estamos atrasados em relação à Europa (seja lá o que isso for)?
Estranhamente visitei a página da FIL e não tem qualquer referência à feira, embora tenha lá um gap nesse período.
Para quem se sentir picante hoje.... pode ver aqui o artigo.

quarta-feira, março 30, 2005

º Afinal o que é uma lei anti homofobia? º

Os melhores paralelos para perceber o que é uma lei anti-homofobia são as leis da violência doméstica e anti-racista. Ambas as situações já eram crime, antes de terem legislação específica. Existem pelo menos duas alterações substanciais nestas leis face ao anterior enquadramento jurídico:
- o estatuto do crime;
- a motivação do crime como agravante.

O estatuto do crime
A alteração do estatuto de um crime para crime público significa "apenas" que a denúncia pode ser feita por qualquer pessoa que tenha conhecimento da agressão (num crime não público apenas a vítima pode fazer a denúncia/ queixa). Por outro lado, a partir do momento em que a denúncia é feita, passa a ser dever policial a sua averiguação e investigação.
Por outras palavras, a capacidade de silenciamento das vítimas torna-se bastante mais relativa, já que basta o conhecimento para denunciar a agressão; além de que se a polícia não investigar uma denúncia está a ser claramente homófoba, e deixa de ser necessário fazer de detective no terreno porque "a polícia não tem conhecimento dessa situação".
A motivação do crime
À semelhança da lei anti-racista, numa li anti-homofobia são punidos mais severamente os actos perpetuados com uma motivação homófoba. Note-se novamente que, apesar dos actos já serem considerados crime, estamos a falar de uma agravante penal por causa da sua motivação.
Tanto numa lei anti-racista, como numa lei anti-homofobia se reconhece a existência de um preconceito que fragiliza especialmente certas franjas da comunidade social. Uma lei anti-racista, como uma lei anti-homofobia parte do reconhecimento desse preconceito e dessa fragilidade social para assegurar ao resto da sociedade que "aquilo" são pessoas e, ou essa noção é apreendida "a bem", ou então a sociedade encarrega-se de punir especialmente aquele/as que têm mais dificuldade em percebê-la.
Um último ponto: na elaboração de uma lei anti-homofobia poderão ainda ser ponderadas outras formas de protecção como a inversão do ónus da prova, a existência de unidades especiais dentro dos serviços públicos para lidar com este tipo de agressão, etc.

Li num comentário n'
Os tempos que correm que entre igualdade (casamento) e protecção (lei anti-homofobia) era preferida a igualdade, porque o casamento oferecia a tal protecção, sustentando que assim "@s LGBT passam a ser vistos como elementos base da sociedade" (família). Se a escolha se coloca entre ter direitos porque se decide escolher um determinado modelo de família, ou ter direitos porque se é uma pessoa ponto final-parágrafo, acho que nem sequer é preciso mencionar qual é a minha opção. Se a escolha é entre proteger ou "igualizar", então a prioridade à protecção. A igualdade não serve de nada se a protecção não existir.

º ONG de mulheres lança manual para os media sobre violência doméstica º

As Soroptimist Internacional lançaram ontem um manual com ampla informação sobre a problemática da violência doméstica dirigida para os meios de comunicação social, como um instrumento de trabalho. Um auxiliar prático para os profissionais da informação que visa corrigir lacunas e despertar o sentido critico dos media e do público face ao problema da violência doméstica. O manual "Violência doméstica - Informar para mudar" já está disponível online e está aberto a sugestões e crítica. o Público apresentou no dia de ontem um artigo sobre o manual que vem no decorrer do projecto Estrada Larga. Lê o artigo aqui

terça-feira, março 29, 2005

º Rebecca Horn no CCB º

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O Centro Cultural de Belém apresenta o seu primeiro grande núcleo de exposições "Bodylandscapes. Desenhos, Esculturas, Instalações 1964 - 2004".
Entre elas esta mostra da conceituada artista alemã Rebecca Horn que articula as suas peças em três dimensões com uma parte da sua obra menos conhecida - o desenho. Mais sobre a exposição aqui
Vale a pena ver, só até 17 de Abril!

segunda-feira, março 28, 2005

º Psicologia de Guerra º

O meu anterior post suscitou umas reacções calorosas no Renas & Veados. Surgiram variados argumentos na defesa do casamento como prioritário face à lei anti homofobia. Pode ser só um defeito meu, mas considero que, por vezes, vale a pena perder tempo a escrever (descrever e descompor) argumentos e pontos de vista. Prometi que faria uma série de posts sobre este assunto, já que tanto foi dito. Também porque este não é um assunto simples. O preconceito sexual é dos mais complexos e dos mais difíceis de desmontar. Por portas e travessas, cá vamos nós!

A excelente reportagem da Fernanda Câncio põe a nu o tipo de pensamento detrás daqueles actos. “Um nojo, aquilo é um nojo” aplicado à qualificação de um ser humano é retirar à pessoa a dimensão de humanidade e reduzi-la a uma característica negativa. Poderão objectar-me “Claro, mas é assim que funciona o preconceito”.
No entanto, há uma diferença fundamental: o preconceito retira a dimensão individual de cada pessoa, limitando toda a sua identidade pessoal a uma determinada característica. A estratégia atrás mencionada não reduz a identidade pessoal de alguém a uma determinada característica: o reconhecimento (verdadeiro ou não) de uma determinada característica em alguém retira-lhe toda a identidade e toda a dimensão humana, reduzindo essa pessoa a um estatuto sub-humano.
Esta estratégia de desumanização é uma estratégia usada pelos exércitos no treino de combate. O objectivo? Que em situação de combate, um/a soldad@ não hesite na altura de disparar. Isto é, que não pense, que o disparo se torne automático (convém explicar que foi depois da II Guerra Mundial que se chegou à conclusão que apenas uma minoria dos soldados disparava em combate - cerca de 20%. As chefias militares perceberam que tinham de intervir de alguma forma para que entre o momento de detecção de um inimigo e o momento de matar esse inimigo não houvesse qualquer sentimento de empatia ou identificação. Chegou-se à conclusão que a desumanização d@ inimig@ era a técnica mais eficaz - o Vietname foi um dos campos de experiência mais notório desta técnica, de parte a parte).
A maioria de nós não é capaz de matar outro ser humano automaticamente. Mas se não for um ser humano, se for um “rato” ou um “nojo”a reacção de repulsa é automática, e a sua consequência também: o equivalente a matar uma mosca. Em que é que uma lei anti homofobia ajuda? Relembra simplesmente que “aquilo” é uma pessoa! Que a(s) característica(s) que supostam lhe retiram essa humanidade são reconhecidas, como características intrinsecamente humanas.

º 3ª Festa de Jazz do S. Luíz º

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Pela terceira vez realiza-se o melhor festival de Jazz e Blues de Lisboa. Este ano, como nos anos anteriores, a qualidade dos artistas e projectos trazidos ao festival é um dos pontos fortes do festival. Pessoalmente assinalo o concerto da Escola do Hot Club, Maria João e Mário Laginha e o "Lokomotiv +: Carlos Barreto" pelo Jorge Pardo.
Vé o programa completo
aqui.

sábado, março 26, 2005

º O que faz falta º

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Os acontecimentos recentes em Viseu, demonstram a falta gritante de uma lei anti-homofobia em Portugal. E a sua necessidade urgente.

Que me desculpem as pessoas que defendem que o que o movimento LGBT em Portugal precisa neste momento é de exigir
casamentos homossexuais. Sim, pode ser uma discussão em voga nos EUA ou no Canadá, pode ser uma realidade em países como a Bélgica, os Países Baixos (vulgo Holanda), ou até aqui ao lado no Estado Espanhol . Informo desde já que o enquadramento legal na Dinamarca e no Reino Unido não tem a denominação de casamento, apesar dos direitos consagrados para casais homossexuais serem os mesmos que para casais heterossexuais casados (alguém me explica porque é que em Portugal se insiste mais na questão do nome, que na questão dos direitos consagrados na lei?)

A sério, desculpem lá o meu mau humor, mas Portugal precisa de muito trabalho social antes de ter um movimento e uma comunidade preparad@s para reivindicar o casamento. Precisamos de protecção legal efectiva contra a homofobia que nos atinge enquanto grupo; precisamos de confrontar as instituições públicas com as suas práticas homófobas; é preciso reforçar a confiança das pessoas para exercerem os seus direitos; é preciso combater a homofobia internalizada que continua a fechar tant@s de nós em armários.

É preciso combater o preconceito da sociedade: de que nos serve o casamento, se continuam as discriminações quotidianas? Portugal tem um movimento LGBT público há menos de 10 anos: todos os países mencionados acima o tinham há pelo menos 30 anos (sim, trinta anos) antes de reivindicarem/ obterem o casamento. É fácil perceber que há uma diferença substancial no conteúdo e que não é por estarmos na UE que as mentalidades evoluem automaticamente.

O casamento é, acima de tudo, uma medida simbólica. A discussão em torno do casamento, não é que não seja importante, mas eu costumo desconfiar do alarido que se faz em torno de algumas questões. Especialmente se o alarido começa no PND, PSD ou afins, com o objectivo de provocar fracturas sociais com temas civilizacionais (aborto, eutanásia e agora casamentos homossexuais), e arranjar mais uns votitos à pala do preconceito em torno destes temas simbólicos. O problema em Portugal é que nós não precisamos de medidas simbólicas: precisamos de medidas práticas com repercurssão no dia a dia.

Quando aqueles "moços" estão a ser perseguidos em Viseu não precisam do casamento: precisam de uma lei anti-homofobia. Quando alguém é despedid@ com base numa orientação sexual, quando um gay é impedido de doar sangue, quando o acesso das lésbicas ao sistema de saúde é condicionado porque elas não mantêm relações sexuais com homens, quando mais um/a adolescente é gozad@ na escola e pondera o suícidio como escape, quando até dentro da comunidade LGBT se reproduzem os códigos morais que nos oprimem (pensem na discussão que se gera todos os anos por altura da Marcha relativamente ao foclore e à presença d@s travecas), quando uma orientação sexual é chamada para uma campanha política para rebaixar o adversário, quando o Abominável César das Neves destila o seu ódio pelos jornais, quando a orientação sexual é um critério de rejeição para a admissão nas FA, quando a ICAR apela à castidade e apregoa a sua tolerância, mas contra os nossos direitos cívicos, quando um/a trans é empurrad@ para a prostituição porque ninguém @ contrata, quando qualquer uma destas ou qualquer outra situação de discriminação acontece não é o casamento que nos serve, que nos protege. É uma lei anti-homofobia.

º Lei e Ordem º

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Há quem tenha problemas com a autoridade; há autoridades que têm problemas com a lei. Parece que existe uma bela tradição na GNR: @s oficiais multados por elementos da Brigada de Trânsito "vingam-se" instaurando processos disciplinares porque os tais elementos "não fizeram a saudação."
A GNR é um corpo militarizado, o que significa que se rege pelas mesmas regras de conduta das Forças Armadas(FA): um dos deveres de qualquer subordinad@ na presença de qualquer oficial é o de fazer continência, independentemente de amb@s estarem vestid@s à civil. Isto por si só já é ridículo tendo em conta que vivemos numa sociedade aberta, e não no saudoso tempo da velha senhora (em que cada qual no seu quintal era a regra de ouro). Contudo, toma contornos um bocadito autoritaristas e anti-democráticos, quando um oficial graduado pode levantar um processo disciplinar a um elemento que @ multe...Não só é um abuso de poder, como ainda é um atentado à igualdade perante a lei que tod@s (supostamente) temos.
Note-se ainda que tal não se aplica apenas aos/às oficiais da GNR: isto vale para oficiais de qualquer um dos ramos das FA (aliás, como qualquer pessoa que já passado algum tempo num quartel sabe, este é um dos privilégios mais queridos nas FA: não só estar acima da lei, como ainda poder lixar quem quer que se tente opor a isso).
Moral da história: eu também quero ser oficial e ter privilégios especiais!

º Uma oferta generosa e irrecusável º

Mas que bem. Realmente parece que o último fôlego de juízo que existiria eventualmente nesta personagem se foi. Digam lá que não é digno de uma cena bíblica?
Tenho a certeza que os fiéis ficam contentadíssimos em receber o sofrimento de um ser humano que está literalmente a bater a bota, com problemas respiratórios e problemas relativos à doença de parkinson. Sim, porque apesar de eu não sentir a mais pequena empatia com este ser, tenho de reconhecer que embora intragável é um ser humano.
Não é quase uma cena idílica? Tomem lá o meu sofrimento e aprendam que quanto mais se sofre melhor. Fiéis: se não poderem (para mal dos vossos pecados) sofrer muito de uma causa natural façam o favor de se chibatarem, de se molestarem, açoitarem, espancarem, de fazer tudo o que estiver ao vosso alcance para penarem muito e o mais possível (mas nada dessas porcalhices SM, não é suposto gostarem) Só assim encontrarão a libertação para serem cordeirinhos apáticos e bem comportados, daqueles que convêm ao "bom" funcionamento das sociedades.
Pois eu acho que o melhor que o sr. Papa fazia era estar calado, ou então oferecia este sofrimento aos milhares de pessoas que discriminou e perseguiu com a sua moral puritana de tuta e meia. Tenho a certeza que essas aceitariam de bom grado e com redobrado prazer a sua generosa oferta.

sexta-feira, março 25, 2005

º Do xadrez para o xadrez º

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Fisher vs Spassky 1992

Hoje descobri que Bobby Fisher, considerado um dos melhores jogadores de xadrez de sempre, se arrisca a uma pena de prisão de 10 anos caso seja extraditado para os EUA.
A razão? Foi jogar um joguito de xadrez ao Montenegro em 1992, para defrontar o seu velho rival Boris Spassky no Campeonato Mundial de Xadrez. Como os EUA tinham, na altura, um embargo contra a ex-Jugoslávia, o senhor está a contas com a justiça.
Definitivamente, o xadrez é um jogo perigosíssimo e altamente atentatório da estabilidade de um país. É caso pra dizer que, para descarregar a tensão nos EUA, bom mesmo é ficar por lá e espancar uns pretos ou uns paneleiros. As penas de prisão são mais leves...

segunda-feira, março 21, 2005

º Virginia Woolf Quiz º

E porque a Virginia Woolf dá pano para mangas (e ainda sobra) lançamos um desafio a tod@s. Divirtam-se.

1. Virginia Woolf, na sua infância, foi educada em Londres
a. em casa pelos pais
b. num colégio deminino em Hyde Park Gate
c. a si própria na British Library

2. A biografia de Woolf intitulada Flush (1933) é sobre:
a. Uma influente artista Pré-Rafaelita
b. A líder do Movimento de Mulheres Sufragista
c. O cão de Elizabeth Barrett Browning

3. Dois dos textos que são contribuições determinantes para a teoria feminista são Um Quarto Que Seja Seu e

a. Entre os Actos
b. Trés guinéus
c. Carta a um jovem poeta

4. A Hogarth Press, criada por Woolf, recusou-se a publicar que autor?

a. T.S. Eliot
b. Sigmund Freud
c. Charles Darwin
d. Dostoevsky

5. A fantástica biografia Orlando foi inspirada por:

a. Vita Sackville-West
b. Vanessa Bell
c. Christina Rossetti

*poeta_pedrada*

sexta-feira, março 18, 2005

º Ideias Luminosasº

Parece que agora surgiu uma ideia luminosa de se fazerem os dois referendos no mesmo dia, o do aborto e o da constituição europeia. Pois como vai haver circo nos dois nada como juntar a palhaçada toda! Pois e se isto for para a frente perde-se mais uma tentativa de gerar um debate sério na sociedade sobre estes dois temas.
Pequenos_Nadas

quinta-feira, março 17, 2005

º Jornalismo (des)informado º

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Às vezes tenho a sensação que os media estão a atravessar uma crise de seriedade. Há pouco tempo falava-se da irmã Lúcia e dos milagres de Fátima como se eles fossem um dado adquirido. Como se realmente tivessem acontecido. Dizia uma jornalista no notíciário a certa altura: "e foi assim, na altura em que a irmã Lúcia esteve na presença de nossa senhora, que descobriu a sua profunda devoção". Sim claro, porque a irmã lúcia viu mesmo o que diz que viu, toda a gente sabe que aconteceu, diz-se por aí, não é?
Hoje, deparei-me com um artigo no DN sobre o centenário literário de Virginia Woolf marcado pelo dia 17. Pouco depois de começar lê-se "Foi autora de títulos como As Ondas, Rumo ao Farol e Mrs Dalloway - que inspirou o filme de Stephen Daldry As Horas(...)" . Pergunto-me se a pessoa que escreveu o artigo alguma vez viu o filme e faz ideia que este não foi inspirado no Mrs. Dalloway, mas sim uma adaptação do livro As Horas de Michael Cuningham ao cinema? De facto, o livro Mrs. Dalloway de Virginia Woolf teve como título primeiro precisamente As Horas. Mas não é nele que se inspira a trama do filme. Talvez parta daí a confusão?
Um pouco mais adiante lé-se "(...) Frequentou o grupo de Bloomsbury, círculo intelectual onde convergiam nomes como E.M. Forster, Lytton Strachey, Clive Bell ou o economista John Maynard Keynes (...)". Pois... posto desta maneira ficamos com a noção errada sobre o que foi este círculo. Virginia Woolf não "frequentava" este círculo cheio de personalidades. Na verdade, este círculo reunia na casa de Woolf, impulsionadora deste círculo. Dizer que as personalidades é que "frequentavam" este círculo seria talvez, pondo as coisas nesta lógica, o mais acertado.
Ok, eu sei que errar é humano e toda a gente tem falhas. Pessoalmente já perdi a conta ao número de baboseiras que disse. Os jornalistas não têm obrigação de serem enciclopédias integrais do conhecimento. Mas será assim tão complicado estar-se minimamente informado sobre aquilo de que se está a falar, principalmente tratando-se de um artigo publicado num periódico? Pergunto-me também se o autor do artigo alguma vez olhou para um livro de / sobre Virginia Woolf? Serei demasiado exigente ou estarão antes os media a sé-lo pouco?

*poeta_pedrada*

º Teorias º

Para mim seria impossível viver sem teoria.
Porque não consigo conceber um mundo sem ela, porque a base da teoria é o pensamento aplicado e foi assim que se deram os saltos tecnológicos, sociais, filosóficos, culturais, científicos ao longo da história.
Porque não consigo conceber um mundo ou uma sociedade sem liberdade de escolha, sem mobilidade, sem liberdade de pensamento, sem diversidade, ou fechad@s sobre si própri@s. Porque quero construir um mundo diferente, sem explorações e opressões; e para isso, preciso de teorias -modelos explicativos- para perceber o sistema (capitalista, machista, racista, homófobo) em que vivemos, como funciona..e principalmente quais são as suas fragilidades, para ser possível mudá-lo.
Porque este sistema se alicerça em preconceitos e é preciso desmontá-los, demonstrar a sua falibilidade, e isso faz-se com a teoria.

5 razões porque gosto de teoria
Gosto de teoria porque me põe a pensar (sobre nós e o que nos rodeia - política, sociedade, ciências naturais/ humanas/exactas, artes, etc.)
Gosto de teoria porque (pode) muda (r) o mundo.
Gosto de teoria porque possibilita a criação.Gosto de teoria porque gosto de discussão, dialéctica e revoluções.
Gosto de teoria porque permite expor realidades não perceptíveis facilmente.

5 teorias que mudaram o mundo (p'lo menos o meu)
Queer
Relatividade
Deconstrucionista
Marxista
Feminista (s)

E tu? Gostas de teoria? Porquê?
Partilha a tua.

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º Ora vamos lá acender uma fogueira º

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Esta história com o Código da Vinci incomoda porque estamos a ver a história a repetir-se nos últimos anos: primeiro eram os farmacêuticos católicos que não deveriam vender métodos contraceptivos, depois os políticos católicos que não deveriam legalizar o aborto ou os casamentos homossexuais, agora as livrarias católicas que devem tirar o livro das prateleiras...
Eu que sou muito pelas liberdades de expressão & de escolha, proponho que se ilegalize a ICAR (atenta contra ambas), e que todas as pessoas que também são pela liberdade de expressão & de escolha, por principio queimem uma igreja e denunciem o padre lá da freguesia à polícia.
Intolerância? Não, é uma máxima desta instituição: "Não faças aos outros (sic) o que não queres que te façam a ti"
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º Agora, só depende mesmo do PS º

BE, PCP e Verdes entregaram ontem na Assembleia da República propostas de leis para regulamentar a IVG.
O BE além da proposta de lei, também apresentou uma proposta de referendo.
Agora depende do PS: independentemente daquilo que os socialistas preferissem (referendo ou alteração legislativa no Parlamento), não têm desculpa para não mudar a lei ainda este ano.
Estou contente com o BE! Com a apresentação das duas propostas, o PS não tem nenhuma saída airosa se não alterar a lei.
Chama-se a isto um entalanço político! Digam lá que não é uma boa estratégia...
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terça-feira, março 15, 2005

º L WORLD vai voltar ao CCGL º

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A série norte-americana que acompanha o quotidiano de um grupo de amigas lésbicas em Los Angeles vai estar de volta ao CCGLL (Centro Comunitário Gay e Lésbico de Lisboa) muito brevemente. São os novos episódios (segunda época), como sempre recheados das indecisões de Shane, dos arrependimentos de Bette ou dos desejos ocultos de Dana. Mas antes de passarmos a 2ª época, vamos fazer uma revisão dos primeiros 13 episódios, condensados em poucas sessões.
*poeta_pedrada*

segunda-feira, março 14, 2005

º Pelo direito à indignação! Posta sem papas na língua! º

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Foto da Marcha do Orgulho LGBT 2004, créditos Portugal Gay


A malta tá farta de ouvir a mesma merda de argumentos ano após ano..

ORGULHO - sim, gente: ORGULHO!!! ORGULHO!!! ORGULHO!!! ORGULHO!!! ORGULHO!!!
Enquanto esta palavra incomodar alguém é porque existe homofobia internalizada ao barulho.
Orgulho de quê? De sobreviver numa sociedade que ostraciza a diferença, de levantar a cabeça e enfrentar o mundo com dignidade e auto - estima quando esse mesmo mundo pretende ocultar-nos, silenciar-nos, clandestinizar-nos e matar-nos! (para quem ache exagerado, lembre-se que a taxa de suicídio na adolescência entre LGBT é três vezes superior à da restante população).
À vergonha que a sociedade nos pretende impingir por sermos quem somos, nós respondemos com o ORGULHO de sermos quem somos!
E prás cabecinhas mais duras: acham realmente que esta sociedade pretende fazer @s hetero envergonharem-se só porque são hetero? Não nos parece! Portanto guardem esse argumento da treta no armário lá de casa! A malta aqui rejeita demagogias fáceis..

A palavra GUETO incomoda-vos? E CIDADANIA DE SEGUNDA CLASSE?
CLANDESTINIDADE envergonha-nos!

MARCHA - Porque é que faz sentido haver uma marcha? Porque é que as pessoas marcham?
Sair à rua pelos direitos LGBT faz todo o sentido, da mesma forma que faz sentido sair às ruas para contestar a guerra, o racismo, a xenofobia, as propinas, a privatização dos serviços público etc. Marchar é uma forma de reivindicação de direitos.

PORQUE OS DIREITOS SE CONQUISTAM NA RUA, E NÃO NO ARMÁRIO!

MARCHA DO ORGULHO LGBT- Porque marchar com orgulho é uma forma de expressão pública e política que reflecte as condições específicas da vivência LGBT, seja ela assumida ou não. Marchar é uma forma de dizer que estamos aqui e que exigimos aquilo que é nosso por direito: nem menos, nem mais!

PORQUE O ARMÁRIO OU O GUETO NÃO SÃO O NOSSO TERRITÓRIO!

Porque quando a malta se balda à Marcha, mas aparece à noite no Arraial, a malta está a fazer uma OPÇÃO POLÍTICA e está a enviar uma mensagem à sociedade. E enquanto houverem duas mil pessoas na Marcha e dez mil no Arraial, a mensagem é “Caguem lá nos nossos direitos. A malta tá feliz enquanto puder cantar, dançar, embebedar-se e foder à grande!”

(sim, abrimos uma excepção a este juízo categórico: quando existe possibilidade de retaliações no emprego, na família, na escola etc. E se a razão for esta, o medo de aparecer, venham e tragam uma máscara. Venham e mostrem que infelizmente ainda há muito por fazer, ainda há muito para marchar, antes que seja possível a tod@s dar a cara sem medo!)

E já agora, uma breve contribuição histórica: aqui há uns anos, pessoal de várias associações LGBT achou que faltava às comemorações do DIA DO ORGULHO uma componente política. A festa estava muito bem, sim senhor, mas o Arraial é um evento festivo, de diversão. E a malta por cá achou que até era catita juntar a este dia uma componente de reivindicação política. Assim uma espécie de resenha pública daquilo que pretendemos com o activismo do dia-a-dia; e mostrar publicamente que estamos aqui, que é bom que se habituem a nós.
*flush & poeta_pedrada*

domingo, março 13, 2005

º O charme escandinavo º

Há dias em que vale a pena ler os jornais, quanto mais não seja para lembrar que o estado das cortes é definitivamente resultado de opções políticas. E que enquanto o recém indigitado primeiro ministro português dá mostras de um machismo regurgitante, há gente que mostra o que vale a consideração pelos direitos de cada pessoa.
Estas
iniciativas, ainda que simbólicas, têm um significado especial: lembram-nos que a política é, demasiadas vezes, o resultado das escolhas de pouc@s, em vez de ser a procura do melhor para tod@s. Mais nuns sítios que noutros...

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º Podem ser esquecidas, mas que as há, há! º

Hoje o Público pela mão de Ana Sá Lopes & Mário Mesquita apresenta uma possível composição de um governo socialista só com mulheres. Uma leitura imprescíndivel para tod@s, especialmente quem nega sempre a existência de sexismo e desigualdade nesta sociedade.
Afinal, não há mulheres competentes neste país, ou são sistematicamente esquecidas?

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terça-feira, março 08, 2005

º Lesbianicemos el 8 de Marzo

Manifiesto para una Nueva Presencia Feminista:Lesbianicemos el 8 de marzo
- RQTR y Liberacción-
Tradicionalmente las manifestaciones del 8 de marzo han dejado de lado a las lesbianas, también mujeres y trabajadoras. Por otro lado, y como se ha dicho tantas veces, machismo y homofobia tienen una raíz común en el mismo sistema sexista y patriarcal que se hace imprescindible superar. Por primera vez, todas las mujeres reivindicamos el reconocimiento de la aportación histórica de las lesbianas al movimiento feminista.Cada vez que una lesbiana va a la ginecóloga/o, entra en el aula, o va a trabajar, se la presupone heterosexual. Las lesbianas y todas aquellas mujeres que tenemos sexualidades no normativas nos enfrentamos a una invisibilidad múltiple, que oculta nuestros discursos en un genérico "mujeres" u "homosexuales", lo que no deja de ocurrir en el seno del movimiento de mujeres y del movimiento homosexual. Pero nuestros derechos no son sólo nuestros sino una responsabilidad de todas y todos.Queremos una igualdad real, una igualdad que no sea equivalente a homogeneidad. Por eso, defendemos que quien lo desee, tenga el derecho a no casarse, y que ésta no sea la única forma de reconocimiento de los derechos de las lesbianas y homosexuales. Quedan muchos derechos por conseguir y el principal es nuestro derecho a la singularidad: el derecho a la diferencia sobre el principio de no-discriminación.Ahora que parece conquistada una igualdad formal de género, con la paridad instalada en el escaparate del poder y una flamante ley contra la violencia machista, se proclama una conciliación familiar-laboral que maquilla la sobrecarga femenina y se impulsan políticas meramente asistenciales sin los mínimos recursos. Reivindicamos un feminismo sin más tutela institucional que el compromiso de garantizar el derecho de las mujeres a espacios propios para pensar y repensar, crear, luchar y compartir.Por todo ello, reclamamos:- La inclusión de la realidad lésbica y las sexualidades no normativas en el sistema educativo, desde infantil hasta los estudios universitarios.- La elaboración de planes de salud específicamente concebidos para las mujeres lesbianas, sobre todo aquellos relativos a su salud ginecológica.- La visibilidad de las lesbianas en todos los medios y ámbitos, que ofrezcan imágenes diversas y no estereotipadas.- El reconocimiento institucional de la autogestión (como el caso de la Eskalera Karakola) como puente para salvar la brecha entre las políticas de género y la realidad organizada de las mujeres.- Una participación activa de todas las mujeres (y varones) en una lucha que también es la suya.
RQTR y Liberacción, 8 de marzo de 2005
*poeta_pedrada*

º Dez anos sem progressos º

Poucos progressos foram feitos nos últimos dez anos em termos de igualdade da mulher no trabalho e da sua imagem nos media. Esta foi a principal conclusão de uma conferência promovida ontem em Bruxelas pela UE para assinalar o Dia Internacional da Mulher (8 de Março - ver mais noticiário na secção de Sociedade). Os principais temas debatidos foram o acesso ao emprego, os estereótipos e retrato da mulher, à luz de um plano aprovado pela Organização das Nações Unidas para incrementar a igualdade entre os géneros. Um relatório da UE, divulgado no mês passado, revelou que a diferença existente entre homens e mulheres no plano das remunerações mantém um desnível de 15 por cento na UE. As mulheres representam apenas 35 por cento da mão-de-obra da indústria dos media, revelou Vladimir Spidla, comissário europeu responsável pelo emprego e igualdade de oportunidades. Por outro lado, cerca de 90 por cento dos empregos temporários no sector são ocupados por mulheres.
In Público 08/03/05
*poeta_pedrada*

º Pequena viagem pelo feminismo II º

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E como hoje é 8 de Março, aqui fica mais um pedaço de feminismo... Este daquele que eu gosto, já que questiona o que dizem sempre que é natural, este que aponta outras direcções...
Em resposta ao rumo essencialista que a teoria francesa da diferença dirigiu à discussão feminista, surgiu Gender Trouble- Feminism and the subversion of identity de Judith Butler (1990).
A proposta de Butler é simples: as diferenças entre mulheres e homens residem não em características intrínsecas, mas extrínsecas; não numa suposta base natural associada ao sexo, antes nos comportamentos identificados como masculinos e femininos. O género enquanto performance versus o género enquanto categoria fechada.
Para Butler, o género, enquanto categoria fluida, é tão sólido quanto as práticas sociais e culturais que o constituíram ao longo do tempo; um efeito de gestos, posturas, movimentos repetidos constantemente.

Em 1991,
Donna Haraway no Manifesto Ciborgue, criticou igualmente as limitações da discussão feminina em relação ao corpo, propondo uma construção de corpo alternativa: o ciborgue.
Em linhas gerais, o Manifesto Ciborgue, é uma crítica ao feminismo totalitário branco de classe média, que criou a ficção da categoria "mulher"
[1] ; bem como ao imperialismo ocidental sobre o corpo - concepção tradicional e fechada do corpo feminismo e, como já referido, da categoria mulher.
Obstando às categorias fechadas de homem e mulher (e respectivos corpos) propõe o ciborgue como centro de confluência de dualismos, de diluição de fronteiras (humano e animal / natureza e máquina/homem e mulher).
Sugere uma nova forma de organização e filiação baseada em laços de afinidade - laços que se têm por escolha e não por sangue ou semelhança física, na qual o ciborgue surge como modelo unificador de convergência política (enquanto entidade que re- elabora os conceitos tradicionais e permite a unificação, por afinidade, de categorias como raça ou género), uma vez que as identidades são múltiplas e não se podem encarar separadamente - negra, lésbica, mulher - antes se entrecruzam. Assim, o ciborgue, projecto de entidade que aprendeu com os erros do passado, promove a diversidade em vez da unidade (a unidade sendo entendida como o grande objectivo do homem branco ocidental) e enquanto entidade corpórea independente define-se por si, sem que a sua identidade seja definida por oposição (sem se tornar num caso de estudo; sem ser o outro).

Woolf revela o início do processo: o questionamento das divisões rígidas e das diferenças aí alicerçadas "naturalmente". O processo de desconstrução inicia-se com uma consciência de diferença identitária (corporal, de características pessoais), no sentido de eliminar as desvantagens e diferenças económicas, legais, sociais. As fronteiras de diferenciação estão inscritas no corpo do sujeito e nas características que lhe são (socialmente) atribuídas, aceites.
Tanto Butler como Haraway destroem essas fronteiras finais. Haraway propondo um entendimento alternativo do corpo: um lugar de confluência de diferenças pessoais; de recriação de identidades que se entrecruzam e não se podem separar em categorias estanques como o são mulher ou homem.
Butler revolucionando o entendimento de criação de identidades (a proposta de Butler aplica-se a outras identidades cuja criação parte do corpo: tatuagens, piercings, transsevuais, travestis), como um conjunto de práticas, comportamentos. A identidade, as categorias criadas nos gestos quotidianos aceites ou rejeitados socialmente. A diferenciação de género residindo não no corpo do sujeito, mas no entendimento que os outros fazem da construção do corpo do sujeito.

Sobre teoria queer, mais tarde outras postas virão…

flush

sábado, março 05, 2005

º Pequena viagem pelo feminismo Iº

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Para comemorar o 8 de Março de uma forma construtiva, mantendo uma atitude crítica para com o esvaziamento reivindicativo desta data, é preciso comemorar o feminismo enquanto sistema de luta pela igualdade entre mulheres & homens. Este ano quero celebrar o 8 de Março comemorando o contributo que o feminismo deu às diversas lutas por direitos cívicos Quero lembrar que o momento histótico em que nos encontramos só tem esta configuração porque, entre outras forças de mudança no séc. XX, o feminismo contribuiu para a alteração da vida de muitas pessoas. E portanto, irei comemorar o 8 de Março celebrando o que mais gosto no feminismo.
Para mim, uma das linhas evolutivas mais marcantes e interessantes do feminismo no séc. XX foi a desconstrução dos papéis de género. Interessa-me sobretudo a desnaturalização das nossas expectativas sociais sobre identidade corporal. Especialmente no que concerne à distinção comummente aceite como natural entre pessoas com base numa aparência biológica (vulgo, alguém parecer ser de um sexo ou de outro); sendo que os critérios mais valorizados estão mais ligados à aparência (caracteres sexuais secundários) que a critérios científicos objectivos como a constituição genética ou hormonal. Quando alguém nasce e a classificação entre F ou M não é clara, o primeiro critério é a régua.
No início do séc.XX, existem dois corpos diferenciados, dois sexos, duas identidades, características distribuídas pelos dois corpos e pelas duas identidades; quer-se a possibilidade de experimentar as características d@ outr@, mantendo os dois sexos e as duas identidades intactos. No final do século, existem múltiplos corpos, múltiplas identidades e um leque de características - não já estritamente femininas ou masculinas; quer-se a possibilidade de criar identidades sem regras impostas a priori.
Se o culminar desta evolução é a teoria queer, para a compreendermos é necessário conhecer a história e o desenvolvimento da teoria feminista.

Inglaterra, decénio de 30

Em Um quarto que seja seu, Virginia Woolf enuncia como uma das características fundamentais para a criação a androginia mental, uma junção de qualidades masculinas e femininas. Em termos gerais, Woolf defendia que a diferenciação sexual/ corporal é inevitável; mas a identificação de género (características identificadas como masculinas e femininas) não o é necessariamente: deveria, de alguma forma, haver uma fusão no acto de criação. Não é posta em causa a separação em feminino e masculino; Woolf questiona a permeabilidade das características mentais nos indivíduos, independentemente do seu sexo biológico.


Europa civilizada (Portugal excluído, pois claro) / EUA, decénios de 60/70

Com o advento da segunda vaga do feminismo, nos anos 60/ 70, as mulheres reclamaram o seu corpo para si próprias. Uma das propostas mais concretas e radicais do movimento feminista foi o desafio conhece o teu corpo. O prémio para as audazes que se atrevessem seria, não só o conhecimento visual da sua fisiologia genital, mas também a possibilidade de conhecer o corpo das mulheres na sua diversidade, contrastando-a com as imagens propagandeadas do padrão de beleza feminina.
A construção de um corpo feminino pelo movimento feminista, inicialmente uma proposta de auto – conhecimento e de libertação do poder social sobre o corpo feminino, foi-se espartilhando em noções limitadoras da fruição e conhecimento do corpo; negadoras da diversidade corporal das mulheres. Nos Estados Unidos, esta concepção é ilustrada, numa primeira fase, pelo feminismo radical essencialista (ilustrada por concepções como sexo certo e errado, nomeadamente entre mulheres: a penetração era encarada como um gesto politicamente comprometido, com uma marca distintamente masculina - e, portanto, das características negativas associadas).
No final dos anos 70/ início dos 80, com a introdução e propagação do feminismo francês da diferença nos EUA assiste-se um ressurgir desta tendência, nomeadamente com as noções de jouissance (especialmente a de
Luce Irigaray) e féminité.
Jouissance refere-se à forma específica como a mulher deveria sentir o seu prazer, como o seu corpo deveria ser definido pelas suas formas próprias de alcançar e sentir prazer. Assim, a sexualidade feminina não está centrada nos genitais, mas em todo o corpo; e os orgasmos femininos são uma sensação difundida também por todo o corpo – concepções estas que se opõem à sexualidade masculina centrada no pénis; e à concepção que os orgasmos masculinos são uma sensação também centrada no pénis.
Féminité designa, grosso modo, as particularidades "naturais" da personalidade feminina (um processo que se pode descrever como uma simples inversão dos termos de definição: de uma caracterização social positiva dos homens e negativa das mulheres passou-se à glorificação dos atributos "naturais"das mulheres face aos dos homens).
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º 8 de Março - Dia Internacional da Mulher º

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A Coordenação Portuguesa da Marcha Mundial de Mulheres, promove, no próximo dia 8 de Março entre as 15.00 e as 17.30 horas, na Rua Augusta, em Lisboa, uma acção de lançamento e divulgação da Carta Mundial das Mulheres para a Humanidade.

Esta Carta é um dos instrumentos que vai acompanhar todas as acções da Marcha Mundial de Mulheres durante o ano de 2005, cinco anos passados sobre as primeiras acções desta Rede Internacional Feminista, que foram um marco importante neste virar de século e que trouxeram à rua milhares de feministas em todo o mundo, lutando contra a Pobreza e contra a Violência.

O lançamento da Carta é feito em todo o Mundo no dia 8 de Março e a Carta inicia a sua viagem por todos os continentes, partindo do Brasil neste dia. Passará por Portugal entre 15 e 19 de Maio de 2005.
Apelamos à participação de tod@s!
*poeta_pedrada*

quinta-feira, março 03, 2005

º O Universal? Diálogos com Senghor º


Actividade do Clube Safo

Dia 20.Março.2005 visita guiada à Exposição “O Universal? Diálogos com Senghor” seguida de debate.



Exposição de homenagem a Léopold Senghor (1906-2001), Presidente da independência do Senegal, celebrado também como poeta e autor de escritos teóricos sobre cultura e política, e um dos grandes impulsionadores da utopia de uma civilização universal, fundada no diálogo e na cooperação entre os povos e as culturas, de que a ‘negritude’ seria ao mesmo tempo fundadora e herdeira. São apresentadas obras (instalações, desenhos, vídeos, fotografias) de doze artistas provenientes de diferentes regiões do planeta, que foram produzidas durante ou na sequência de um encontro artístico e intercultural em Joal-Fadiouth, cidade senegalesa onde nasceu Senghor, dando testemunho das reflexões suscitadas em cada artista pela interacção com essa realidade social e cultural.

Ponto de encontro:
15H30 - Cafetaria da Culturgest, Edifício Sede da Caixa Geral de Depósitos, Rua do Arco do Cego (ao Campo Pequeno), em Lisboa.

Mais informações sobre a exposição em
www.culturgest.pt

Sócias – 2 € / Não sócias – 3 €

Como chegar:
Metro: Campo Pequeno
Autocarros:
Campo Pequeno / Av. República: 21, 27, 32, 36, 38, 44, 45, 49, 54, 56, 83, 90, 108;
Praça de Londres: 7, 22, 33, 40;
Avenida de Roma: 35, 67


*poeta_pedrada*