º I'm No Lady º

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quinta-feira, março 17, 2005

º Jornalismo (des)informado º

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Às vezes tenho a sensação que os media estão a atravessar uma crise de seriedade. Há pouco tempo falava-se da irmã Lúcia e dos milagres de Fátima como se eles fossem um dado adquirido. Como se realmente tivessem acontecido. Dizia uma jornalista no notíciário a certa altura: "e foi assim, na altura em que a irmã Lúcia esteve na presença de nossa senhora, que descobriu a sua profunda devoção". Sim claro, porque a irmã lúcia viu mesmo o que diz que viu, toda a gente sabe que aconteceu, diz-se por aí, não é?
Hoje, deparei-me com um artigo no DN sobre o centenário literário de Virginia Woolf marcado pelo dia 17. Pouco depois de começar lê-se "Foi autora de títulos como As Ondas, Rumo ao Farol e Mrs Dalloway - que inspirou o filme de Stephen Daldry As Horas(...)" . Pergunto-me se a pessoa que escreveu o artigo alguma vez viu o filme e faz ideia que este não foi inspirado no Mrs. Dalloway, mas sim uma adaptação do livro As Horas de Michael Cuningham ao cinema? De facto, o livro Mrs. Dalloway de Virginia Woolf teve como título primeiro precisamente As Horas. Mas não é nele que se inspira a trama do filme. Talvez parta daí a confusão?
Um pouco mais adiante lé-se "(...) Frequentou o grupo de Bloomsbury, círculo intelectual onde convergiam nomes como E.M. Forster, Lytton Strachey, Clive Bell ou o economista John Maynard Keynes (...)". Pois... posto desta maneira ficamos com a noção errada sobre o que foi este círculo. Virginia Woolf não "frequentava" este círculo cheio de personalidades. Na verdade, este círculo reunia na casa de Woolf, impulsionadora deste círculo. Dizer que as personalidades é que "frequentavam" este círculo seria talvez, pondo as coisas nesta lógica, o mais acertado.
Ok, eu sei que errar é humano e toda a gente tem falhas. Pessoalmente já perdi a conta ao número de baboseiras que disse. Os jornalistas não têm obrigação de serem enciclopédias integrais do conhecimento. Mas será assim tão complicado estar-se minimamente informado sobre aquilo de que se está a falar, principalmente tratando-se de um artigo publicado num periódico? Pergunto-me também se o autor do artigo alguma vez olhou para um livro de / sobre Virginia Woolf? Serei demasiado exigente ou estarão antes os media a sé-lo pouco?

*poeta_pedrada*