º I'm No Lady º

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sábado, março 05, 2005

º Pequena viagem pelo feminismo Iº

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Para comemorar o 8 de Março de uma forma construtiva, mantendo uma atitude crítica para com o esvaziamento reivindicativo desta data, é preciso comemorar o feminismo enquanto sistema de luta pela igualdade entre mulheres & homens. Este ano quero celebrar o 8 de Março comemorando o contributo que o feminismo deu às diversas lutas por direitos cívicos Quero lembrar que o momento histótico em que nos encontramos só tem esta configuração porque, entre outras forças de mudança no séc. XX, o feminismo contribuiu para a alteração da vida de muitas pessoas. E portanto, irei comemorar o 8 de Março celebrando o que mais gosto no feminismo.
Para mim, uma das linhas evolutivas mais marcantes e interessantes do feminismo no séc. XX foi a desconstrução dos papéis de género. Interessa-me sobretudo a desnaturalização das nossas expectativas sociais sobre identidade corporal. Especialmente no que concerne à distinção comummente aceite como natural entre pessoas com base numa aparência biológica (vulgo, alguém parecer ser de um sexo ou de outro); sendo que os critérios mais valorizados estão mais ligados à aparência (caracteres sexuais secundários) que a critérios científicos objectivos como a constituição genética ou hormonal. Quando alguém nasce e a classificação entre F ou M não é clara, o primeiro critério é a régua.
No início do séc.XX, existem dois corpos diferenciados, dois sexos, duas identidades, características distribuídas pelos dois corpos e pelas duas identidades; quer-se a possibilidade de experimentar as características d@ outr@, mantendo os dois sexos e as duas identidades intactos. No final do século, existem múltiplos corpos, múltiplas identidades e um leque de características - não já estritamente femininas ou masculinas; quer-se a possibilidade de criar identidades sem regras impostas a priori.
Se o culminar desta evolução é a teoria queer, para a compreendermos é necessário conhecer a história e o desenvolvimento da teoria feminista.

Inglaterra, decénio de 30

Em Um quarto que seja seu, Virginia Woolf enuncia como uma das características fundamentais para a criação a androginia mental, uma junção de qualidades masculinas e femininas. Em termos gerais, Woolf defendia que a diferenciação sexual/ corporal é inevitável; mas a identificação de género (características identificadas como masculinas e femininas) não o é necessariamente: deveria, de alguma forma, haver uma fusão no acto de criação. Não é posta em causa a separação em feminino e masculino; Woolf questiona a permeabilidade das características mentais nos indivíduos, independentemente do seu sexo biológico.


Europa civilizada (Portugal excluído, pois claro) / EUA, decénios de 60/70

Com o advento da segunda vaga do feminismo, nos anos 60/ 70, as mulheres reclamaram o seu corpo para si próprias. Uma das propostas mais concretas e radicais do movimento feminista foi o desafio conhece o teu corpo. O prémio para as audazes que se atrevessem seria, não só o conhecimento visual da sua fisiologia genital, mas também a possibilidade de conhecer o corpo das mulheres na sua diversidade, contrastando-a com as imagens propagandeadas do padrão de beleza feminina.
A construção de um corpo feminino pelo movimento feminista, inicialmente uma proposta de auto – conhecimento e de libertação do poder social sobre o corpo feminino, foi-se espartilhando em noções limitadoras da fruição e conhecimento do corpo; negadoras da diversidade corporal das mulheres. Nos Estados Unidos, esta concepção é ilustrada, numa primeira fase, pelo feminismo radical essencialista (ilustrada por concepções como sexo certo e errado, nomeadamente entre mulheres: a penetração era encarada como um gesto politicamente comprometido, com uma marca distintamente masculina - e, portanto, das características negativas associadas).
No final dos anos 70/ início dos 80, com a introdução e propagação do feminismo francês da diferença nos EUA assiste-se um ressurgir desta tendência, nomeadamente com as noções de jouissance (especialmente a de
Luce Irigaray) e féminité.
Jouissance refere-se à forma específica como a mulher deveria sentir o seu prazer, como o seu corpo deveria ser definido pelas suas formas próprias de alcançar e sentir prazer. Assim, a sexualidade feminina não está centrada nos genitais, mas em todo o corpo; e os orgasmos femininos são uma sensação difundida também por todo o corpo – concepções estas que se opõem à sexualidade masculina centrada no pénis; e à concepção que os orgasmos masculinos são uma sensação também centrada no pénis.
Féminité designa, grosso modo, as particularidades "naturais" da personalidade feminina (um processo que se pode descrever como uma simples inversão dos termos de definição: de uma caracterização social positiva dos homens e negativa das mulheres passou-se à glorificação dos atributos "naturais"das mulheres face aos dos homens).
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