º I'm No Lady º

I'M NOT an ballbreaker, bimbo, bitch, bra burner, bull dyke, butch, carmen miranda, china doll, dumb blonde, fag hag, femme fatale, feminazi, geisha, good catholic girl, home girl, lady boss, lipstick lesbian, lolita, mother teresa, nympho, old maid, pinup girl, prude, slut, supermodel, tomboy, trophy wife, vamp, wicked stepmother or yummy yummy... Don't stereotype me!

segunda-feira, março 28, 2005

º Psicologia de Guerra º

O meu anterior post suscitou umas reacções calorosas no Renas & Veados. Surgiram variados argumentos na defesa do casamento como prioritário face à lei anti homofobia. Pode ser só um defeito meu, mas considero que, por vezes, vale a pena perder tempo a escrever (descrever e descompor) argumentos e pontos de vista. Prometi que faria uma série de posts sobre este assunto, já que tanto foi dito. Também porque este não é um assunto simples. O preconceito sexual é dos mais complexos e dos mais difíceis de desmontar. Por portas e travessas, cá vamos nós!

A excelente reportagem da Fernanda Câncio põe a nu o tipo de pensamento detrás daqueles actos. “Um nojo, aquilo é um nojo” aplicado à qualificação de um ser humano é retirar à pessoa a dimensão de humanidade e reduzi-la a uma característica negativa. Poderão objectar-me “Claro, mas é assim que funciona o preconceito”.
No entanto, há uma diferença fundamental: o preconceito retira a dimensão individual de cada pessoa, limitando toda a sua identidade pessoal a uma determinada característica. A estratégia atrás mencionada não reduz a identidade pessoal de alguém a uma determinada característica: o reconhecimento (verdadeiro ou não) de uma determinada característica em alguém retira-lhe toda a identidade e toda a dimensão humana, reduzindo essa pessoa a um estatuto sub-humano.
Esta estratégia de desumanização é uma estratégia usada pelos exércitos no treino de combate. O objectivo? Que em situação de combate, um/a soldad@ não hesite na altura de disparar. Isto é, que não pense, que o disparo se torne automático (convém explicar que foi depois da II Guerra Mundial que se chegou à conclusão que apenas uma minoria dos soldados disparava em combate - cerca de 20%. As chefias militares perceberam que tinham de intervir de alguma forma para que entre o momento de detecção de um inimigo e o momento de matar esse inimigo não houvesse qualquer sentimento de empatia ou identificação. Chegou-se à conclusão que a desumanização d@ inimig@ era a técnica mais eficaz - o Vietname foi um dos campos de experiência mais notório desta técnica, de parte a parte).
A maioria de nós não é capaz de matar outro ser humano automaticamente. Mas se não for um ser humano, se for um “rato” ou um “nojo”a reacção de repulsa é automática, e a sua consequência também: o equivalente a matar uma mosca. Em que é que uma lei anti homofobia ajuda? Relembra simplesmente que “aquilo” é uma pessoa! Que a(s) característica(s) que supostam lhe retiram essa humanidade são reconhecidas, como características intrinsecamente humanas.