º Psicologia de Guerra º
O meu anterior post suscitou umas reacções calorosas no Renas & Veados. Surgiram variados argumentos na defesa do casamento como prioritário face à lei anti homofobia. Pode ser só um defeito meu, mas considero que, por vezes, vale a pena perder tempo a escrever (descrever e descompor) argumentos e pontos de vista. Prometi que faria uma série de posts sobre este assunto, já que tanto foi dito. Também porque este não é um assunto simples. O preconceito sexual é dos mais complexos e dos mais difíceis de desmontar. Por portas e travessas, cá vamos nós!
A excelente reportagem da Fernanda Câncio põe a nu o tipo de pensamento detrás daqueles actos. “Um nojo, aquilo é um nojo” aplicado à qualificação de um ser humano é retirar à pessoa a dimensão de humanidade e reduzi-la a uma característica negativa. Poderão objectar-me “Claro, mas é assim que funciona o preconceito”.
A excelente reportagem da Fernanda Câncio põe a nu o tipo de pensamento detrás daqueles actos. “Um nojo, aquilo é um nojo” aplicado à qualificação de um ser humano é retirar à pessoa a dimensão de humanidade e reduzi-la a uma característica negativa. Poderão objectar-me “Claro, mas é assim que funciona o preconceito”.
No entanto, há uma diferença fundamental: o preconceito retira a dimensão individual de cada pessoa, limitando toda a sua identidade pessoal a uma determinada característica. A estratégia atrás mencionada não reduz a identidade pessoal de alguém a uma determinada característica: o reconhecimento (verdadeiro ou não) de uma determinada característica em alguém retira-lhe toda a identidade e toda a dimensão humana, reduzindo essa pessoa a um estatuto sub-humano.
Esta estratégia de desumanização é uma estratégia usada pelos exércitos no treino de combate. O objectivo? Que em situação de combate, um/a soldad@ não hesite na altura de disparar. Isto é, que não pense, que o disparo se torne automático (convém explicar que foi depois da II Guerra Mundial que se chegou à conclusão que apenas uma minoria dos soldados disparava em combate - cerca de 20%. As chefias militares perceberam que tinham de intervir de alguma forma para que entre o momento de detecção de um inimigo e o momento de matar esse inimigo não houvesse qualquer sentimento de empatia ou identificação. Chegou-se à conclusão que a desumanização d@ inimig@ era a técnica mais eficaz - o Vietname foi um dos campos de experiência mais notório desta técnica, de parte a parte).
A maioria de nós não é capaz de matar outro ser humano automaticamente. Mas se não for um ser humano, se for um “rato” ou um “nojo”a reacção de repulsa é automática, e a sua consequência também: o equivalente a matar uma mosca. Em que é que uma lei anti homofobia ajuda? Relembra simplesmente que “aquilo” é uma pessoa! Que a(s) característica(s) que supostam lhe retiram essa humanidade são reconhecidas, como características intrinsecamente humanas.
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