º O pior da política º
A novela continua. Felizmente, quem quer que escreva o argumento tem uma imaginação fértil, e os novos episódios têm situações novas, ainda que as motivações sejam as mesmas.
De uma vez por todas, uma eleição em que participam 30% d@s eleitora/es recensead@s, ou seja, em que a esmagadora maioria não se pronunciou, não é vinculativa. Mais, é profundamente anti-democrático recusar com base neste argumento um novo referendo, como os partidos de direita têm feito.
Como anti-democrático é recusar um novo referendo aquando da apresentação de mais de 120 mil assinaturas de cidadã/os que manifestam a sua vontade de o repetir.
Ou lavar as mãozitas do processo, culpar os partidos, e esperar "as condições mínimas adequadas" (vamos a ver se desta o Sampaio é coerente consigo próprio).
Como anti-democrática é a última argumentação do PP, do PSD e do PCP relativamente ao início da sessão legislativa: quando aos interesses das pessoas se sobrepõe a manutenção da burocracia, quando a manutenção dessa burocracia é só uma forma encapotada de sabotar um processo democrático (leia-se, uma consulta às/ aos eleitora/es). Irónica a posição do PCP, alinhado com a direita, especialmente no que concerne a este assunto (dispenso a argumentação de defesa, do tipo "a lei deveria ser alterada na Parlamento porque há maioria de esquerda". Depois de um referendo, e depois de mais uma tentativa de outro boicotada pela direita, alterar a lei no Parlamento é baixar os braços da alteração social. Política assim, para mim não, obrigad@).
"Não admira, assim, que a hipocrisia seja igualmente a palavra de ordem no mundo da política. O momento nunca é o adequado para tratar do assunto - há quem estabeleça horizontes imaginários para a validade dos referendos e quem, como agora, prefira centrar o debate na duração das sessões legislativas.
A questão, porém, é bem mais simples. Dos resultados das últimas eleições legislativas resulta a existência de uma franca maioria política favorável à aproximação da lei portuguesa aos padrões europeus. O PS, que obteve maioria absoluta, propôs-se, no programa eleitoral, fazê-lo através de referendo. Tudo claríssimo.
O campo que se opõe à mudança da lei prefere insistir nos imbróglios processuais, em vez de ir a votos. Sintomático."
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